quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Três horas




Três horas sem te ver e o meu pranto

de negro me cobre num manto

não há riso, nem choro à alvorada

mas uma dor sofrida e abafada


Recordo de ti o cheiro... o peito

que me soube abrigar num doce jeito

mas, a tua ausência em mim doi tanto

que nem sei se quero este quebranto


Barreiras que constrois numa agonia

do sonho que calas, sem eu falar

tem tão pouca importância a alegria


que em meus olhos vês, mesmo ao chegar?

e, por ti que desfaleço em cada dia

Não sabes que doi muito assim amar?

Lar



Terminar uma tarefa
E começar outra de novo
Recortar o mundo às avessas
Que tudo tem o seu retorno
E nessa labuta constante
Arrebatar o meu olhar
Sou como ave viajante
Volto ao ninho sem hesitar
Da Primavera que foi
Outra há de voltar
Rio ainda ao Verão
Mas o Outono já espreita
Da janela do meu quarto
É o Inverno que se deleita

Frio ou calor que importa
Chuva ou sol tem sentido
Pois dentro da minha porta
Tenho o meu porto de abrigo!

Na Estrada



Afasto-me para assim ver melhor
E ter uma nova perspectiva
Um hiato dá-nos, não a morte,
Mas renova toda a nossa vida!

Quando no dia a dia abafamos
Aqueles nossos pressentimentos,
Então, reduzimos a quase nada
Rumo recto dos nossos pensamentos

A vida precisa de paragem
E, tal como vemos na auto-estrada,
De portagem, sinal de proibido…

De revisão, pontos de viragem
Vão-se ideais na vida apressada…
Paro! E sei o que é permitido!

A Lua






A lua recorta o azul
e deixa ver
As sombras projectadas
do entardecer...

Nesta paz concreta
Imagino o horizonte
em névoas sombrias
para lá do monte...

Depois do calor do dia
o que trago sempre comigo
é esta melancolia
de uma paz sombria
que me faz irmã do vento...

Não um vento apressado
frio ou quente
mas um vento silêncio
que mal se sente

Sonho acordada
Com a branca lua
Mas sou chamada
por alguém, na rua....

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Não

13 de Outubro de 2007

Não,
digo não
a palavras fechadas
a motivos sem razão!
Não,
digo não
à obsessão
que me aflige
ou a qualquer prisão!
Não,
digo não
a direcções determinadas
a rotinas de passagem
Sem amor para dar a mão
Não
digo não
a políticas sem sentido
em que todas as pessoas
são um molhe sem união
Não
digo não
a falta de carinho
ao amor fingido
sem sentido ou coração
Não
digo não
à falta de empatia
à mentirosa simpatia
que nada tem de são
Não
digo não
E com coragem
Volto a trás para afirmar
o que na minha vida não quero!
Com toda a determinação
E quem até mim trouxer
Nem que seja a mais palida imagem
desta posição
responderei temeimosamente
Não, não, não!

Devir...




15 de Outubro de 2007


Perco em questões inuteis
O tempo que é só de verdade
Esmorece na alma o calor
De um espaço de saudade
Pergunto ao vento que passa
o porquê de tanta dor
a resposta ignora, perpassa
Por mim, sem deixar calor
Do essencial ao acessório
Hoje não consigo separar
Tudo enreda num velório
Que parece não terminar
No papel pude escrever
O que minha alma inquieta
volto a valer, por saber
encontrar-me como certa
Retornar ao meu caminho
que sempre o soube criar
Com sonhos, amor e carinho
leve espuma, denso o mar
Amar é a pedra de toque
Amar e saber confiar
Este é sempre o enfoque
Que ao meu tempo quero dar
E se me sentir perdida
De mim mesma libertar
O amor que tenho a vida
Para poder enfim sonhar

Amar-te




15 de Outubro de 2007


Perguntaste ainda outro dia
O porquê de te amar assim
Ecoa na alma tua imagem
E são palavras sem fim...
No momento és um fantasma
Noutro uma dor derradeira
Noutro apenas a mensagem
Em si mesma verdadeira...
Mas és também a saudade
O essencial em mim presente
Melodia e serenidade
Nascer do sol e sol poente
Num mundo em que se constroi
alicerces com o passar do tempo
Para o que me havia de dar
Amar-te assim, num momento
Pode até parecer superficial,
pouco digno ou inteligente
sei que não é normal
É mal visto por toda a gente
Mas pergunto-me seriamente
que outro amor sentir podia
se durante toda a vida
era a ti que eu queria
Os outros que fiquem calados
Não nos venham incomodar
Em seus mundos condenados
A não saber o que é amar
Que possa eu com muito mimo
Tua enorme mágoa mitigar
Fico feliz se com carinho
Nunca mais te vir chorar
Meu viajante que de sonhos
A tua primavera fizeste
Descansa agora em meu regaço
e ainda bem que vieste!

Seguidores