"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto." Bernardo Soares - Livro do desassossego
segunda-feira, 30 de maio de 2011
A nuvem e o sol
Veio uma nuvem e tapou o sol,
Pedi-lhe com jeito para se arredar...
que o dia ficou como um lençol,
a nuvem teimosa pôs-se a chorar...
Falei-lhe das crianças e das flores,
mostrei-lhe que o sol as aquecia,
pedi-lhe que fosse mais a diante...
mas a nuvem teimosa não me ouvia!
Foi mulher ou nuvem, não sei dizer,
como chuva corria pela tarde,
acossada, batida pelo vento...
a terra fez-se branda para a acolher,
e num gesto meigo, sem alarde,
tragou agradada o sofrimento.
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