quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Vivendo o dia a dia


Vivendo o dia a dia
O dia ficou noite,
E a noite não trás o dia
Como o dia trouxe a noite…

Agora no túnel da vida,
Não me vejo, nem me sinto
Apagou-se a luz ao fundo
Ando, apenas, por instinto…

Tapo a cara com a máscara,
A tristeza com um sorriso,
Talvez ele se cole á alma
E me dê o que preciso…

Juízo para sonhar,
Que nada me amedronte,
Força nova para Amar
Seguir contigo o horizonte.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Quero ficar aqui

Quero ficar aqui 
Encostada ao meu luar 
Pois estou de negro 
E de negro ficarei 
Até esta dor voar… 
 Quero ficar aqui 
Não te quero ouvir, nem falar, 
Não te quero sentir, nem esquecer 
Não quero abrigar-me na paz do teu peito, 
Nem iluminar-me do teu desejo. 
Quero ficar aqui. 
 Quero ser o raio e a chuva 
O clarão e a trovoada 
 Quero que o meu corpo se desmembre 
 E me perca nesta alvorada 
Quero ser e mais nada! 
 Então, serei o átomo perdido, 
Uma raiz desenterrada, 
Sem passado, nem futuro 
Serei! Numa gota de água.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Um almoço contigo...


Chamamos Neptuno para a mesa
Deixamos as vagas alterar a voz,
Feitos de sangue que ferve e lesa
Discorremos da vida e de nós…

Ao teu lado faço vida em Amor
Vejo a cena em ti repetida
Sou terra que anseia teu calor
Mas tão perto sou lava derretida…

Somos apenas meninos perdidos
Ou timoneiros fortes, diligentes,
De olhos bem abertos, bem amigos…

Somos o que somos, não negamos
A explosão de alma, os vendavais,
Eu sei que é assim que nos amamos!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Belo Sonho!


Atrás do vidro há cristais
Belos e tão coloridos
Parecem gotas de chuva
Batem no vidro atrevidos…

Por detrás do rosto sombrio
Brinca criança mimosa
Parece vazio e triste
Mas é travessa e formosa

Por entre a neblina
Há um mar de saudade
Parece que o tempo varreu
Mas mudou em verdade

Atrás daquela capa escura
Quem diria que morava
Um som de sonho e poesia
Que luz ao mundo dava

Atrás da noite há o dia
Atrás do real a quimera
Por detrás dos olhos a luz
Nos teus braços, Primavera!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Cai a neblina...


Cai neblina por cima do dia
Miudinha, triste, persistente
Não dá para chorar e a gente
Acomoda-se á melodia
Tudo fica bem no silêncio
Educa-se coração e olhar
A rotina é como verdete
Não se vê se não se limpar
Dá-se uma volta pela praça
Dá-se uma volta pela praia
Olha-se desconfiado o tempo
Que o frio está de atalaia
O Outono chegou de repente
Bem dentro do coração
Já caiu a folha da alma
O vento assobia em vão…

Atrás dos teus olhos


Não vejo os teus olhos, porque os perdi,
Por detrás da tua forma de olhar…
Algo me cegou e mil vezes eu morri,
Para poder essa porta cruzar…

Pelos teus olhos passam quimeras
Outros sonhos, outras eras…
Atrás dos teus olhos há certezas
Dúvidas, anseios e belezas…

Nos teus olhos o mundo é sal
Fúria, paixão e matagal,
Ondas de calor, gelo sombrio,
Lava que escorre como um rio...

Mas há também o inefável
A essência do meu sorriso
Encontro-me como num espelho
Só isso, para mim,é preciso.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pobres meninos...

Pobres meninos que choram sozinhos 
Pobres crianças desamparadas 
Pobres de nós que por detrás do tempo
 Somos sempre meninos de caras lavadas… 
 Pobres, pobrezinhos dos grandes pequeninos 
De sulco de lágrima vincada… 
Pobres dos órfãos da vida 
Pobres de nós tão velhinhos
Pais-meninos tão perdidos
Avós sem casa, sem nome,
Como é pode a vida ser tão danada?

terça-feira, 27 de julho de 2010

Saga...

Na boca do tempo há uma viagem, 
Que nasce sempre na dobra do medo, 
Não se esconde e não será segredo, 
Marca é um ritual de passagem…
 
 Da terra eu não serei, eu sou do vento! 
Com pó de caminhante nos cabelos, 
Com lembranças que ligo em novelos, 
Um peso que transporto sem lamento. 

 Sonhei ficar, mas as paredes caem, 
Dentro a voz do vento adivinho, 
Calço as sandálias de viajante… 

 As lágrimas que voam já não traem, 
São cristais que indicam o caminho, 
E que me levam sempre adiante…

Sussurro


Atiramos palavras como vidros esquinados,
Esperamos que elas caiam e, depois,
Estranhamente…
Ficamos ambos tristes, magoados…

Á noite, o teu corpo
Tem a forma dos meus sonhos
Quando parto… esporadicamente,
Volto á âncora desse calor…
E á sombra do meu Amor!

Se eu disser que te amo
Pensas que algo está errado,
Pois a Mulher tem várias faces,
Mas não a sombra do meu Amor!

E quando o nosso corpo flutua
E a mente se perde da razão,
Vejo-te do outro lado do espelho,
E não há sombra no meu coração…

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mágoa


Que mágoa essa vejo já vincada
Abrigar-se nos teus olhos tão secos
Fui por ela no berço agasalhada,
E brincou entre os meus bonecos…

Da vida esperei sempre o que não dava,
Mas desilusões nunca me venceram
A tristeza, essa, amordaçava
Dizendo adeus aos sonhos que morreram…

Hoje não há fantasmas de outrora
Que assombrem meu sono no presente
Mas fiz uma casa sem alicerces

Casa onde esta mágoa antiga mora
Onde á lareira não ficas quente,
Onde nem na cama adormeces…

Intervenção


Há desculpas que são de dor,
Outras são de se perder...
No sentimento não há calor,
Porque está para morrer.
Da luz se fazem os dias,
A noite faz-se do escuro,
do amor que parte... saudade,
da mentira constrói-se um muro!

Há quem acuse o inocente,
para assim se esconder,
O ataque é a melhor defesa,
mas já está a amanhecer...
E mesmo que não amanheça,
de todo, completamente...
haverá uma estrela ou outra,
Uma centelha no firmamento,
que nos lembrará a verdade
e da vida será fermento...

Onde estão os ideais?
Conspurcados pelo chão,
assolados pelas palavras,
que deles tiraram razão.

Onde estão esses valores,
Defendidos com vigor?
Chacota dos incautos
Caíram em desamor…
Hipocrisia e desdém
Fingindo paixão outrora
Sujo passado recente
queima a vida agora!

E hoje como evitar
O abismo da indiferença?
Não há abrigo na mentira
Nem esperança na descrença.

sábado, 1 de maio de 2010

Mãe


De todos os sorrisos o que fica
Na mente e no coração da gente
É o sorriso da Mãe, que se sente
Como corrente de ternura única!

Outros sorrisos surgirão na vida,
Por outros caminhos nós seguiremos
Por marés, sóis e luas nós iremos,
Perdidos, solitários nessa ida…

Mas Mãe, a ti, cansados, regressamos
Pois em ti o Amor é infinito,
Fala-nos desse berço original!

Em ti somos pequenos e olhamos
O mundo que de novo será feito,
Sem medo, solidão, livre do mal!

Para a minha Mãe, uma grande Mulher,
com um enorme beijinho.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ele...


Ele que atravessou a minha vida,
Minha luz, meu calor e meu luar,
Ele que foi triste despedida,
Sem nunca ter a sorte do encontrar!

Ele... o meu sonho e o meu tormento,
Ele... meu abrigo e liberdade,
Ele, meu Amor azul-cinzento,
Paixão feita de cor e de saudade!

Ele presente de dor consentido,
Carícia do vento na alvorada,
silêncio do abraço pressentido...

Ele, meu desejo d`alma fechada,
que por ti aberta teria sido,
tivesses escolhido outra entrada!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Meu Filho,


O bebé que tu foste eu já perdi,
Disse-me adeus por entre os dias…
Tão grande essa ternura que vivi,
Não dei pelas mudanças que sofrias.

Olhas-me agora, sério e divertido,
Sabendo muito mais do que ensinei,
Ás vezes magoado e sentido,
Da forma que jamais imaginei…

És homem, rapazinho, meu menino,
Conheces o silêncio e a solidão,
Que te fará Senhor do teu destino.

Corpinho de haste que o vento leva,
Num espírito forte, em crescimento,
Que a luz te guie sempre houver treva!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O rio mudado


Na infância o rio sonhado
tinha pedrinhas para saltitar
E por elas ir e atravessar
Margem a margem um espaço amado

Na água tocava só a brincar,
E por ele ia feliz, sorrindo
Nunca tropeçando ou caindo
Leves seus passos pareciam voar!

Crescendo a criança se perdeu,
Ou será o rio tão diverso,
Que as pedras em tristezas se mudaram?

Já não salta no espaço que era seu
Dos olhos chorosos, rosto disperso
As águas doces, salgadas ficaram.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Se todos...


Se todos soubessem
Como a vida é simples
Se todos pudessem
abrir-se ao calor de Verão!
Deixar respirar a alegria
levantar os pés do chão...

Se todos fizessem,
de vez em quando
uma corrida
para fora de si
com bilhete só de ida...

Se todos levassem
as mãos livres, vazias
e se libertassem
de carregos e de feridas...

Há como seria
quente um golpe de asa
e morena a onda de sonho
que rodeia a tua casa!

Estado de Alma


Dá-me um sorriso,
mesmo que distante,
um bonequinho redondo
de simpatia constante!

Dá-me um sorriso,
aquece-me a vida,
que a vida sem abraço
é uma vida partida...

Dá-me um sorriso,
Um abraço,
Um beijinho,
sempre que assim fizeres
Não estarás sozinho!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mar - Maria

Perguntas ao mar ritmado, 
Em si desdobrado 
Porque vai ou porque vem? 
Não sabes que a onda que parte 
Em som de arrebate 
Voltará p`ra ti, Meu Bem. 
 Se por triste destino 
E em desatino 
Do mar, se fosse o movimento 
Ama-lo-ias parado, da sua vida arrancado 
Sem sonho, Sem sal e sem vento? 
 Em mar respira a mulher 
Um beijo que quer meu nome entoou 
Vivo dele o perfume 
Na tua praia molhada, sonhada... 
Mar, Maria eu sou

Os medos são reais… Só existe a dor...


Os medos são reais... Só existe a dor,
Num coração descrente, insubmisso,
Doutra primavera já teve o viço,
Eternidade que pode supor...
.
Mas um deserto feito só de dúvida,
Medos que se erguem como punhais!
Ferem tanto que vós subjugais,
O que só livre tem valor na vida...
.
Contudo pode ainda haver verdade,
E boa - fé nos olhos que vos fitam,
mas de torpe mentira acusareis...
.
Negando pois a sinceridade
Supondo crimes que vos irritam
Distante do Amor então sereis!

quarta-feira, 31 de março de 2010

A morte de Ofélia


Ofélia está doente e vai morrer.
Vento veloz se vai por brisa fria…
Mal sabia ela que já não via,
A luz esbelta do amanhecer!

Assim se queda na noite sombria,
Sendo pois de Amor seu padecer,
Feliz mulher que pode falecer,
A febre que seus olhos já feria…

No lamento longo que a devora,
Enfim uma tocante compaixão
Da morte que assim a vê tão bela!

Não se faz rogada e não demora,
Desfere o rude golpe com paixão,
Assoma a prima luz pela janela!

terça-feira, 2 de março de 2010

Madeira


Parai o vosso choro plangente
Abrandai o uivo rouco do vento
Dai ao mar um novo sentimento
Que anime a vida dessa nobre gente…

Deixai crescer de novo a quimera
Mesmo feita de rugas e feridas
Dai a essas vidas tão doridas
Um chão feito de flores na Primavera,

Mãe terra, nossa vida e destino
Piedade! São pobres pescadores,
São teus filhos e estão num desatino!

Olhai que não são eles os senhores,
Que dia a dia te ferem sem tino
Vendendo por dinheiro os teus Amores.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Observação


Compreendi que tinha entrado
Em sala trocada e sai
Pedi desculpa, foi errado
Sem querer, conclui.
Sempre fui “outside”
Sempre do outro lado da linha
Sempre tive essa dor só minha
Que me tem incomodado.

Nasci sem livro de instruções,
Sem marca, provavelmente
Para a avaria não há soluções,
Nem peça sobressalente

Dói-me a cabeça na alma
Tenho o corpo a dormitar
Pode ser que nesta calma
Possa os olhos fechar

Acho que vou até à serra,
Para ter saudades do mar,
Quando se tem uma quimera
Ajuda o tempo a passar

Assumo, vou-me arrastando
Fingindo até que sou eu
Alguns dias funcionando,
Outros, alguém que se perdeu.

O Improvável


Este sofrimento em que te deixo
Sempre que vou a algum lado,
Não entendo, nem me queixo
Parece-me estranho… deslocado…

Essa falta de coragem
De ser feliz
Esse meio termo, esse…
Quase a nós,
Não inspira, aflige,
Ao contrário do que se diz…

Porque os dias onde de ser…
Apenas nublados…
Porque nos ferimos
Apenas aos bocados…

Porque será pecado
Apenas estar demasiado bem comigo?
Não percebo, não entendo, não consigo!

Porque não admites?
Acertamos!
Porque procuras a sombra?
O Improvável aconteceu
Por isso nos amamos.

Tu pensas que és forte
Mas és fraco, impreciso…
Titubeante e louco
A tua bússola perdeu o norte
A dúvida levou-te o juízo
Para ser feliz faltava pouco

Um pouco de esperança,
Um pouco de ternura
Um pouco de luz
Daquela que perdura…
Quando olhares para trás, verás…
Aqui era o improvável
O incerto maravilhoso
O Insustentável!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Monólogo Marítimo


Comandante está na hora de voltar proa ao navio
Velocidade é constante, há tempestade e frio…

Haveremos do fazer, mas a lua inda ressuma
No alto azul nordeste aguarda que ela se consuma.

Comandante está na hora de parar, de recuar
Estes passos não nos levam a porto de amarar

Havemos de o fazer, com força de coração
Mas abranda, Oh marujo, essa tua decisão

Comandante não é audácia o que eu trago comigo
São dores antigas, senhor, apagar eu não consigo

Havemos de as tratar, suturar e não esquecer
É no mar que este padecimento irá se dissolver

Comandante põe sentido no rasto que fazemos
De madrugada sangra o mar para que nos libertemos

Sangue já nós fizemos de onde vimos e onde vamos
Nossas dores são daqueles que nós aniquilamos

Comandante é hoje a hora, toma tento… pressente
Vem no nosso encalço borrasca grossa do poente

Tens medo, oh marujo! Vai e morre cobarde
No meu navio não cabe detenção mole arde!

Comandante fero vede quem tendes ao lado
Olhai que por ti eu abalei sina, moira e fado

Não me fales, oh marujo, de antigas lealdades
Retém benquerenças só novas sinceridades

Comandante que assim dispões do nosso destino
Leva a bom porto este barco não te dê o desatino

Confia e aguarda, sonha que nasce e anuncia
A clara alva de um caminho que trará o novo dia!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Comentário


É no silêncio dos teus belos olhos,
Olhos de mar, de relva e de sonhos
Que surgem caminhos por estriar
E há sempre um ali para alcançar!

É no teu braço de rei sem abrigo
Braço seguro, amante e amigo
Que se escrevem as letras do diário
De um caminho nosso, solidário…

É da tua voz, de som tão puro,
Que palavras de melodias certas
São o farol de um porto seguro!

Venham tempestades ou cometas,
Loucuras de rasto, fogo escuro,
Haverá sempre luz, onde há Poetas!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Canção


De penas e voltas
Nas voltas as penas
E as penas que trazes
Não são tão pequenas

Voltas que voltas
Lá está outra onda
E outra montanha
De face redonda

No devir deste rio
Outra água virá
Será sempre a mesma
Corrente acolá…

E aqui, aqui mesmo
Não desfaças o sonho
Embala o bebé
Que no berço eu o ponho

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Não entres...


Não entres tão depressa nessa noite escura
Onde não me confesso, nem te guardo
Onde a vida de longe me devora
Em idas e fugas sem retorno...

Não entres tão depressa nessa noite longa
Onde mergulho sem sofrer,
Onde me desfaço e desembaraço
Onde vivo e vou morrer...

Não entres tão depressa nessa noite triste
Em que as cores são de cinza
Em que o frio queima os ossos
Em que era bom desaparecer...

Não entres tão depressa e não tropesses
Que a estrada já vai tão longa
E ainda falta tanto para o amanhecer...

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