quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Setembro...

Cai neblina por cima do dia
Miudinha, triste, persistente
Não dá para chorar e a gente
Acomoda-se à melodia
Tudo fica bem no silêncio
Educa-se coração e olhar
A rotina é como verdete
Não se vê se não se limpar
Dá-se uma volta pela praça
Dá-se uma volta pela praia
Olha-se desconfiado o tempo
Que o frio está de atalaia
O Outono chegou de repente
Bem dentro do coração
Já caiu a folha da alma
O vento assobia em vão…

domingo, 4 de junho de 2017

Boa noite Mamã...

A noite veio e envolveu
No seu silêncio o desencanto,
As suas doces vozes sonhadas
Cristal puro do riso e do canto

Então grata por tê-los ouvido,
O seu chilrear no meu coração,
adormeço o terror silencioso
De não haver, para a vida, perdão.

Qualquer olhar que se olhe ao espelho,
Sempre encontrará a sua verdade...
Mesmo que aos demais pense esconder,
Tamanha dor e gratuita maldade.

Por eles aceitei o sofrimento
Que me deixou para além do ser
a minha vida que o vento a leve
Nesta manhã só quero morrer...



segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Comboios de Lisboa


Esta viagem
Que me leva o dia a dia
Numa Lisboa
Que levanta na asa da gaivota
Os comboios que choram
toda a solidão
E a noite vazia
Por detrás desta porta...

Onde estão os sorrisos?
os choros e as vozes?
Onde está a lareira
Que acende a nossa vida...

Tudo se apagou, tudo se finda!
Não há esperança, nem sonho
Apenas os gestos
da inútil despedida.
E uma raiva cega
que seca as lágrimas e a vida.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Esta noite a lua chora.


Olhei bem nos teus olhos
E não vi a luz do teu amor
Apenas as sombras do passado
Fazendo eco, mas sem calor
Assim,
A mágoa fala bem mais alto
Na tua ausência e o silêncio…
De quem não devia esperar
Os segredos que restam
Está na hora de guardar.
Está na hora de desistir,
Está na hora de chorar…
Chegou a hora da verdade
Esta noite a lua chora
Porque o tempo ferra e dói
Queimando toda a vontade

Está na hora de pedir à noite
Que me envolva em escuridão
Á minha volta há novamente
Malas que levam o coração
Sem pressa, para não tropeçar
Nos vidros partidos do tempo
Do passado que já fomos
Levanto a âncora da vida
No mar que me irá levar.
Mas esta noite é para chorar
Chorar para fazer caminho
Mar de lágrimas é brando
Quando se rema sozinho...

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Desvanece...


Estes eram os dias em que a alma ardia
Em que a dor te envolvia como um manto
Em que a tempestade se apagava no pranto…
 
Estas são as noites em que o frio invade
Pelo corpo se espalha como doença
Em que o esquecimento é a sentença.
 
Por fim, vencida pelo cansaço,
De uma espera sem esperança
Escureço num sono sem lembrança
 
Não consigo segurar a luz da tarde,
Este perfume que ao ar pertence
Nem a tua imagem que desvanece…

quarta-feira, 16 de março de 2016

Solidão


Seria apenas um dia,
dos muitos que tenho tido...
Não fora ter-me cruzado,
de manhã, logo contigo.

Entraste no meu pensamento
Como em casa vazia,
ecoando os teus passos
na minha alma tão fria.

Sabia que a tristeza
a minha porta fechara
e que a negra mentira
há muito tempo a trancara...

Mas como posso negar
que iluminaste o meu dia
Que desta enorme solidão
Nem eu própria sabia...

terça-feira, 15 de março de 2016

Fado da despedida (o meu)


Esta noite sabe a traição,
A sonhos desfeitos, a quimeras,
À nossa vida que jogas ao chão
À imagem partida do que eras…

Esta noite sabe a despedida,
Sabe a um adeus para sempre
É uma traça que segue perdida,
Tentada por luz de falso poente

E eu, onde estava, já não estou,
E eu, por onde andei, já não vou,
E eu, porque quis, já não quero.

Agora és… um amargo de boca,
Uma sombra de raiva, já tão pouca,
De ti, pouco ficou e nada espero.

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