segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Monólogo Marítimo


Comandante está na hora de voltar proa ao navio
Velocidade é constante, há tempestade e frio…

Haveremos do fazer, mas a lua inda ressuma
No alto azul nordeste aguarda que ela se consuma.

Comandante está na hora de parar, de recuar
Estes passos não nos levam a porto de amarar

Havemos de o fazer, com força de coração
Mas abranda, Oh marujo, essa tua decisão

Comandante não é audácia o que eu trago comigo
São dores antigas, senhor, apagar eu não consigo

Havemos de as tratar, suturar e não esquecer
É no mar que este padecimento irá se dissolver

Comandante põe sentido no rasto que fazemos
De madrugada sangra o mar para que nos libertemos

Sangue já nós fizemos de onde vimos e onde vamos
Nossas dores são daqueles que nós aniquilamos

Comandante é hoje a hora, toma tento… pressente
Vem no nosso encalço borrasca grossa do poente

Tens medo, oh marujo! Vai e morre cobarde
No meu navio não cabe detenção mole arde!

Comandante fero vede quem tendes ao lado
Olhai que por ti eu abalei sina, moira e fado

Não me fales, oh marujo, de antigas lealdades
Retém benquerenças só novas sinceridades

Comandante que assim dispões do nosso destino
Leva a bom porto este barco não te dê o desatino

Confia e aguarda, sonha que nasce e anuncia
A clara alva de um caminho que trará o novo dia!

1 comentário:

TOP SECRET disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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